11 de novembro de 2010

O Estranho Senhor do Castelo


Em uma viagem com meu pai pela Europa e atraído que sou por castelos, acabei propondo a ele e a meu primo que lá residia, para que ambos me acompanhassem a uma visita ao Castelo de Pombal, localizado próximo as cidades de Leiria e Fátima em Portugal.

Ao chegarmos às portas do velho castelo e em meio a vários ambulantes que ali faziam seu comércio de souvenires, deparei-me com um senhor impecavelmente  bem vestido, mais parecendo um típico inglês, e aparentava ele a idade aproximada de 65 a 70 anos.

Notei que ele me observava e tudo fazia para aproximar-se de mim. Vi também, que o mesmo se colocava estrategicamente à porta principal do castelo, pela qual eu e meus acompanhantes deveríamos passar.

Eu estava certo...Ao passarmos por ele o mesmo dirigiu-me curtas palavras, as quais no exato momento não pude entendê-las, talvez devido a fatores do regionalismo local. Nesse mesmo instante, aquele senhor fitou-me firme nos olhos e eu teria entendido a seguinte frase: "Tu demorastes muito a chegar", e sorriu simpaticamente. 

Embora não me fizesse muito sentido aquela frase, não quis ser descortês com o simpático, mas estranho personagem, sorri e segui em frente, tendo meu pai e meu primo se distanciado um pouco adiante.

Alcancei a ambos e discretamente perguntei ao meu pai: "Será esse senhor com quem falei há pouco, um guia do lugar"? Logicamente meu pai não soube responder-me, tampouco meu primo.

No que iniciávamos uma subida pelas escadarias que nos levaria as muralhas do castelo, eis que o tal senhor se aproximava novamente de mim, desta vez, se colocando a minha disposição para mostrar-me todas as dependências do castelo e mais ainda, contar-me toda sua história.

Além de sua insistência em me guiar na visita, achei esquisita a sua postura de praticamente ignorar as pessoas que me acompanhavam e se dirigir somente a mim, inclusive, tudo fazia para separar-me das demais.

Naquele momento não me contive e comecei a lhe fazer uma série de perguntas... E entre as perguntas que originaram respostas sem muita lógica, estavam as seguintes:

P- Onde reside o senhor?
R- Eu cá resido, pois...
P- O senhor disse que reside neste castelo?
R- Sim!
P- Reside neste castelo há muito tempo?
R- Eu cá resido há mais de 800 anos...

Diante desta última resposta, imaginei estar frente a um psicopata e definitivamente 
encerrei minhas perguntas a ele.

Ocorreu que esse senhor era muito convincente, culto e realmente deveria conhecer cada centímetro do castelo e sua história.

A certo momento ele perguntou-me se eu desejaria conhecer onde ficavam os calabouços e as cisternas do castelo, tendo eu lhe respondido afirmativamente, só que fomos sutilmente desviados desses objetivos pelo meu pai, que a essa altura também já notara alguma coisa estranha em tal personagem.

Diante das sutis desculpas de meu pai, o referido senhor propunha, agora, levar-me até
a Capela do Castelo, de cujas ruínas avista-se um cemitério, há uns 500 metros dali.

Foi nessa Capela, quando esse estranho senhor colocava novamente seus olhos penetrantes nos meus, que pude notar algo de familiar neles, mas que até hoje é difícil entender. Durante os segundos de duração desse seu olhar profundo, uma onda de arrepios percorreu meu corpo.

Ao término da visita, ele nos acompanhou até a porta do castelo e mais uma vez fitou-me profundamente nos olhos e se despediu desaparecendo entre as grandes e velhas ruínas...

Instintivamente e mais do que depressa, perguntei para vários dos vendedores de souvenires, que ali faziam ponto, se os mesmos conheciam o tal senhor bem vestido, e a resposta foi unânime: "Trabalhamos aqui há vários anos e nunca havíamos visto esse senhor, inclusive, pensávamos que o mesmo fazia parte de seu grupo na visita ao castelo"...

Diante de tal resposta, eu, meu pai e meu primo nos olhamos pateticamente, sem entendermos muito bem o que acontecia, e nos despedimos dos comerciantes.

Eram 12h00, quando pegamos o nosso carro no estacionamento e resolvemos ir almoçar em um dos restaurantes da cidade. Terminado o almoço, iniciamos uma caminhada para conhecermos melhor a parte mais antiga da região.

Estávamos apreciando alguns casarões, talvez seculares, quando de repente, uma mão era colocada por sobre meu ombro, levei um susto, e pensei rápido: "quem poderia conhecer-me naquele lugar tão distante do Brasil"? Olhei para o lado e ali estava novamente o misterioso senhor do castelo.

Mais uma vez ele fitou-me profundamente nos olhos, deu-me um pálido sorriso que mais transmitia tristeza, praticamente nada falou e desapareceu por entre as estreitas vielas e seus casarões antigos.

Por mais incrível que me possa parecer, momentos após a esse segundo encontro, eu colocava em dúvida se a forma de comunicação usada por aquele estranho senhor era a de palavras articuladas.

Sempre que o mesmo se comunicava comigo, sua forma de olhar-me era totalmente diferente da normal, tratava-se de um olhar "muito penetrante"...

Talvez por eu prestar tanta atenção a esse detalhe, não me foi possível, minutos após aos tais encontros, lembrar-me pelo menos de algumas características de sua voz (tom, volume e etc).

Outro detalhe que pude também observar, durante meus contactos com o estranho personagem, é que o mesmo era acometido ininterruptamente por discretas ondas de tremores, porém, não tão intensas quanto aquelas causadas pelo mal de Parkinson...

Até hoje tento buscar explicações para esse singular encontro com o senhor do castelo...

Será que as respostas poderiam ser buscadas no Espiritismo?

O estranho senhor poderia ter sido uma pessoa de minha relação em uma vida passada?

Ou eu fui apenas vítima de uma auto-sugestão estimulada por um estranho agente?
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Rui Fernandes Morgado
Santo André-SP-Brasil

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